segunda-feira, 29 de outubro de 2012

UMA OUTRA FORMA DE FAZER POLÍTICA É POSSÍVEL





Termina aqui a nossa jornada conjunta, uma jornada feita com muita garra, alegria e esperança. Os quase 30% de votos válidos conquistados por Marcelo Freixo aqui no Rio de Janeiro têm um significado muito especial. Eles mostraram que há alguma coisa de novo na política, particularmente na nossa Cidade. É possível fazer política movido por ideais, por propostas, por projetos. A campanha demonstrou isso, por onde passou, mobilizou a juventude, reanimou os movimentos sociais, resgatou o sentido de lutar por mudanças, foi uma lufada de vento renovador, diante da velha política fisiológica de sempre. Lutamos contra a manutenção do ‘status quo’, contra a máquina da Prefeitura, contra uma desfigurada coligação de 20 partidos, contra uma campanha rica e apoiada pelo poder econômico, e que teve ao seu lado apoios importantes como o do ex-Presidente Lula e da Presidenta Dilma, e mesmo assim nosso candidato conquistou quase 30% dos votos válidos. Sabíamos que Marcelo Freixo era o melhor candidato, que ele encarnava o que havia de melhor em nossa sociedade, mas o resultado alcançado é quase um milagre, diante das circunstâncias.
Nós, ‘petistas com Freixo’, não nos arrependemos de nossa decisão. Desobedecendo as decisões do nosso partido na Capital, decisões essas tomadas sem debate democrático interno, assumimos os riscos de ousar seguir nossos corações e nossos ideais. Denunciamos as práticas cada vez mais pragmáticas e fisiológicas que vem dominando nosso partido, e resolvemos marchar com Marcelo Freixo. Contribuímos com propostas para o programa de Governo, organizamos reuniões e comícios domésticos, fomos às ruas para participar das atividades, aqui e ali nossas bandeiras vermelhas voltaram a tremular, relembrando históricas campanhas do PT, panfletamos, discutimos propostas, pedimos votos, demos nossa modéstia contribuição para conquistar esses 900 mil votos. Fomos muito bem recebidos, marchamos lado a lado com militantes do PSOL, do PCB, dissidentes do PDT e de outros partidos que vieram se juntar a esta jornada de luta e de criatividade. Criamos um blog, lançamos um abaixo-assinado com mais de 170 apoios, travamos o bom combate, dentro e fora do PT, cumprimos nosso papel, mostrando aos eleitores e cidadãos que ainda existe um outro PT, um PT de luta, que tem compromisso com a ética e com alianças programáticas, que não abre mão de sua história e de sua identidade. Estamos felizes, cientes que fizemos a nossa parte.
E agora, o que fazer de toda esta energia despertada durante a campanha eleitoral? O que fazer com todo este capital humano e político? Em primeiro lugar, sempre defendemos que a luta institucional eleitoral é importante, e deve ser travada, pois ela determinará o tipo de políticas públicas que predominará no próximo período, na Cidade, no Estado ou no País. Mas, também sempre defendemos que a luta institucional eleitoral deve estar subordinada às lutas sociais mais gerais do nosso povo. Portanto, nossa primeira proposta, a todos aqueles que participaram e colaboraram com a campanha de Marcelo Freixo é: continuem alertas, continuem na luta, abracem seu movimento social, sua associação de moradores, seu sindicato, sua ong, sua entidade, e porque não, os partidos políticos comprometidos com mudanças. Uma sociedade é cada vez mais democrática e mais justa, quanto mais forte é a sua organização social autônoma.
Em segundo lugar, é necessário estar alerta e organizado, para fiscalizar o Poder Público, em particular a próxima gestão da Prefeitura. Acompanhar os mandatos de vereadores eleitos, fortalecendo os mais progressistas e comprometidos com o nosso povo, monitorar as políticas públicas que serão implementadas, denunciar os equívocos e abusos, a política de remoções, o compadrio com as máfias empresariais da construção civil e do transporte público. Nós, do PT, que agora teremos o Vice-Prefeito, e certamente Secretários Municipais, não podemos abrir mão de pressionar, cobrar coerência programática, colocar o dedo nas feridas expostas, denunciar o fisiologismo e o pragmatismo, a possível perda de identidade de nosso Partido à frente da nova gestão da Prefeitura. Acabou a campanha eleitoral, mas não acabou a disputa pelo tipo de Cidade que queremos. Vamos continuar debatendo a Cidade e seu futuro, e mobilizando a cidadania na luta pelos seus direitos.
Por fim, fortalecer os partidos, para nós, significa fortalecer o PT, o Partido dos Trabalhadores. Não, não pretendemos ingressar no PSOL. Continuaremos aonde sempre estivemos, lutando internamente para resgatar os princípios e valores que levaram à criação do PT, há mais de 30 anos atrás, transformando-o no principal partido da esquerda brasileira. Continuaremos a defender as conquistar dos Governos dos Presidentes Lula e Dilma, como a distribuição de renda, a criação de empregos, o combate à miséria, as políticas sociais inclusivas, a política externa independente, mas não nos calaremos na hora de denunciar os ‘mal feitos’, os equívocos, as miopias políticas, as alianças fisiológicas, o excesso de pragmatismo, os desvios éticos. Nestas eleições, como em outras, o PT teve vitórias e derrotas, e esperamos que elas sirvam para nos ensinar algumas lições. O PT foi o partido que teve mais votos no 1º turno, alcançando mais de 17 milhões de votos. Conquistou 626 Prefeituras, no 1º. turno, e outras XX no 2º. turno, entre as quais a da maior Cidade do Pais, São Paulo. Mas, tivemos derrotas importantes, também, como os resultados de Porto Alegre, Recife e Fortaleza. Sem falar no Rio de Janeiro, aonde o partido foi ‘abduzido’ na campanha majoritária, e na proporcional elegeu 04 vereadores, mas apenas 01 deles identificado com a história do partido. Nosso partido conseguirá tirar as lições mais importantes desses resultados? Só o futuro o dirá.
O PSOL sai dessas eleições maior do que entrou. Elegeu seus 02 primeiros Prefeitos, o primeiro do Estado do Rio, Itacoatiara, e o primeiro de uma Capital, Clécio Luiz em Macapá-AP. A votação do PSOL no 1º. Turno, não apenas no Rio de Janeiro, mas também em outras Cidades, como Belém, Macapá, e Niterói, entre outras, retira o PSOL do isolacionismo, e o coloca como verdadeira opção partidária dentro do espectro da esquerda brasileira. Entenderá o PSOL o papel que poderá vir a cumprir, no futuro, junto com os demais partidos da esquerda brasileira? Entenderá o PT que o PSOL poderá vir a se constituir num aliado político bem mais confiável, num futuro próximo, do que partidos como PMDB, PP, PR, PTB, PRB e outros que tais? Vamos continuar a assistir cenas e posturas de profundo sectarismo a autofagia no âmbito da esquerda brasileira, com PT e PSOL buscando se descontruir mutuamente, para alegria dos partidos de centro e de direita? Ou vamos amadurecer juntos, corrigindo nossos erros e criando as condições para uma convivência mais harmoniosa e construtiva?
Estaremos juntos ou separados, nas próximas eleições, em 2014? Seremos capazes de construir, aqui no Estado do Rio de Janeiro, uma proposta de candidatura que unifique a esquerda, e seja capaz de empolgar corações e mentes da juventude e da militância social, como o fez a candidatura de Marcelo Freixo nestas eleições? Teremos generosidade suficiente, e capacidade de engenharia política para construir esta alternativa comum? Eis aí o desafio. O futuro nos dirá se esta campanha terá deixado seus frutos, terá nos amadurecido a todos, oi foi apenas mais uma onda passageira.
O grupo ‘petistas com Freixo’ se dissolve agora, mas continuaremos atuando, nas lutas sociais do nosso povo, na nossa Cidade, em nosso Estado, e no âmbito nacional, dentro e fora do nosso partido, dando nossa modesta contribuição, cientes de que uma outra forma de fazer política é possível, com generosidade, princípios e muita vontade de mudar pra melhor as condições de vida do nosso povo.
Petistas com Freixo

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vivendo e aprendendo em uma cidade que deveria ser inclusiva e democrática

As verdadeiras construções coletivas permanecem, amadurecem para além dos processos eleitorais. Esta campanha nós permitirá desconstruir as ilusões criadas pela racionalidade dos especuladores de plantão, por um aparente canteiro de obras e
spalhadas e falsas inaugurações. As transgênicas vias atropelam, deixam valas e buracos na primeiro sinal de chuva... Desmancham ao primeiro pingo d'água... Retardam a UPA ao primeiro atendimento de primeiros socorros... Garantias e defesas só se garantem com movimentos em movimento para além dos olhares partidos e segmentados.


Estaremos preparando um documento para sinalizar caminhos, trilhas, reflexões, críticas,... Nesta sexta nos reuniremos e ao vivo faremos um balanço das atividades e desdobramentos. Sinalizaremos o link na parte da tarde!


Abraços a todas e a todos que acessaram nosso blog.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SÍNTESE DO ENCONTRO DE ENGENHEIROS, ARQUITETOS, SOCIÓLOGOS E URBANISTAS COM FREIXO

SÍNTESE DO ENCONTRO DE ENGENHEIROS, ARQUITETOS, SOCIÓLOGOS E URBANISTAS COM FREIXO
Por uma política de Cidade
A campanha de Freixo tem propiciado um amplo debate sobre a cidade e a administração municipal. Em torno dos principais setores da administração pública, como saúde, educação, transporte, segurança pública e habitação, vêm ocorrendo plenárias específicas e, como resultado, produções coletivas de cartas e manifestos expressando a opinião de categorias profissionais e da sociedade civil organizada.
A fim de abrir espaço para uma discussão transversal dos diferentes aspectos atinentes à administração municipal, e, em especial, sobre planejamento urbano e gestão, foi realizado, no dia 11 de setembro, um encontro entre Freixo e cerca de 100 profissionais das áreas de engenharia, arquitetura, sociologia e urbanismo.
Foram muitos os assuntos tratados no encontro, mas, de uma maneira geral, podemos sintetizar as intervenções em três grandes blocos:
  1. Relação entre poderes e autonomia municipal;
  2. Desigualdade territorial e democratização da participação política;
  3. Democratização da infraestrutura disponível.
A fim de melhor servir à construção de um programa de governo capaz de articular as diferentes áreas e setores da administração pública, apresentamos cada um dos blocos a partir da seguinte organização: consideração crítica sobre o atual modelo de administração e apresentação de medidas necessárias para modificar o atual estado de coisas.

I.Relação entre poderes e autonomia municipal
I.1 A Constituição brasileira permite aos municípios autonomia administrativa e co-gestão de um conjunto de políticas com os demais entes federativos para melhor realizar os objetivos republicanos. O quadro de alianças políticas da atual administração municipal, ao contrário do que o atual prefeito costuma afirmar, tem impedido uma colaboração eficiente e responsável da gestão integrada, do planejamento e da realização das ações nos diferentes âmbitos de sua responsabilidade. Essa questão é claramente percebida nas áreas do transporte público, do saneamento e do sistema único de saúde, que têm sido marcadas por obras desconectadas, e políticas fragmentadas que impedem que a população possa saber quem são os responsáveis pelos erros, falhas e faltas que afetam o bom funcionamento de serviços fundamentais às políticas públicas de bem-estar social.
Para transformar esse quadro, será necessário:
- que todas as políticas públicas sejam negociadas com base em metas, atribuições e responsabilidades precisas para cada ente federativo, de modo a que a população possa acompanhar, entender e participar da sua realização;
- que se substitua a atual política de comunicação e publicidade, que vem servindo ao marketing eleitoreiro de programas, por uma nova política de informação e publicidade capaz de fortalecer o sentido integrado das ações públicas e de suas políticas;
- integração das políticas nos territórios, na escala das regiões administrativas e das Áreas de Planejamento;
- realização de ações integradas de planejamento e coordenação de políticas que levem em conta a função e vocação da cidade do Rio de Janeiro não apenas de capital do estado mas também de centro da região metropolitana.

II – Desigualdade territorial e democratização da participação política
II.1 – O território do Rio de Janeiro é um dos mais desiguais do país. Por seu turno, a atual administração tem aprofundado essa desigualdade investindo mais em áreas já valorizadas, e apostando em um projeto caracterizado por duas centralidades, a do centro da cidade, agora reforçado com o Porto Maravilha, e a da Barra da Tijuca, epicentro do projeto olímpico.
Para reverter esse quadro será necessário que:
- o poder público municipal realize investimentos que favoreçam uma maior igualdade urbana, muito especialmente na área de transporte público, de modo a favorecer a mobilidade e a conectividade dos territórios;
- que adote um projeto de cidade policêntrica, favorecendo a desconcentração dos recursos e dos polos de atração para os negócios e serviços;
II.2 – Mas a desigualdade do Rio de Janeiro é também política. A cidade está loteada em grupos políticos que dominam sobretudo os territórios populares. A atual administração, com sua política de coalizão partidária baseada em troca de favores e privilégios por votos, redobra essa tendência, inclusive consolidando a posição de controle político exercida por milícias e mandões locais em algumas áreas da cidade;
Reverter essa situação demanda:
-a criação e ampliação dos mecanismos de participação da sociedade nos processos decisórios, através da ativação de conselhos populares e de uma interlocução permanente com as associações de moradores;
- eliminação dos pontos de contato entre os mandões locais e a administração municipal;
Dessa nova postura do poder público municipal também se deve esperar um fortalecimento do papel democrático e republicano da Câmara de Vereadores.


II.3 – A gestão pública do Rio de Janeiro é uma das menos transparentes; e a atual administração municipal tornou ainda mais dramática essa situação quando estabeleceu formas de gestão tecnocráticas, como se vê na educação; quando repassa para as OSs a administração de serviços de saúde; quando cria uma situação de cartelização nos contratos envolvendo as obras públicas, privilegiando um grupo restrito de construtoras; e, ainda, quando não oferece dados atualizados sobre a cidade e a gestão pública .
Para reverter essa situação será necessário atuar nas seguintes frentes:
- criação de uma cultura democrática de gestão pública. No caso da educação, por exemplo, com a construção coletiva e compartilhada de políticas públicas de melhoria do desempenho escolar; no da saúde, tanto com o fortalecimento do servidor público - ao invés do modelo OS – quanto com o estabelecimento de procedimentos de controle social;
implantação de mecanismos capazes de assegurar a ampla transparência da ação do poder público, incluindo todas as etapas do processo decisório. Daí se segue uma política capaz de romper com o modelo de cartelização que tem caracterizado a atual gestão municipal, através da democratização do acesso aos editais, licitações, concorrências, usando o poder financiador e das compras públicas para fortalecer o tecido produtivo e a geração de trabalho e renda, por meio da mobilização das micro, pequenas e médias empresas, das redes empresariais e de consórcio, bem como das cooperativas com enraizamento e compromisso com a geração de trabalho e renda a longo prazo no município;
produção e ampla difusão de dados e de informações sobre a cidade e sobre a gestão pública, de modo a permitir a atuação qualificada da sociedade civil no debate sobre a cidade;

III – Democratização da Infraestrutura disponível
III.1 – A Prefeitura do Rio de Janeiro tem sido uma das que mais desperdiça a infraestrutura já instalada na cidade. Disso é exemplo a ausência de investimentos (urbanísticos e em política de integração entre modalidades de transporte) visando valorizar a rede ferroviária; o abandono de redes de saneamento já instaladas, como se verifica na área formal da AP-5, na qual muitos dos equipamentos construídos encontram-se simplesmente abandonados, gerando uma situação de colapso ambiental; e na questão da habitação, do que é exemplo forte o chamado Porto Maravilha, que não prevê a construção de habitações populares, apesar da óbvia vocação da região para esse fim, em virtude de sua centralidade, e de já contar com infraestrutura urbana e oferta de equipamentos públicos.
Disso tem resultado uma série de consequências perversas, tais como:
. a ampliação sempre crescente de sua mancha urbana, com a criação de novas áreas sempre desprovidas de infraestrutura urbana;
. remoção de áreas que poderiam ser urbanizadas;
. construção de habitações populares em áreas pouco estruturadas;
Reverter esse quadro implica em:
- levar em conta e aprimorar os diagnósticos já realizados sobre a infraestrutura instalada;
- realizar investimentos estratégicos em áreas já estruturadas, sobretudo nos bairros dos subúrbios da cidade;
- aprofundar a experiência de urbanização das favelas;
- reabrir a discussão sobre a revitalização da região portuária, valorizando sua condição de “janela de oportunidade” para a construção de habitação popular em larga escala.

OBSERVAÇÕES FINAIS
Além de definir esses eixos de fortalecimento do programa de governo Marcelo Freixo, o encontro também serviu para aprofundar seu compromisso com a valorização dos mecanismos de participação social, política e técnica na administração pública, por meio do resgate da função dos conselheiros e do reconhecimento dos resultados já consolidados dos encontros dos conselhos de políticas públicas municipais, estaduais e nacionais como referências fundamentais para o governo da cidade; do amplo diálogo com a vida associativa e com os movimentos sociais; e da valorização do enorme capital intelectual de ciência, tecnologia e inovação instalado nas universidades sediadas no Rio de Janeiro.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Rio rebelde - Daniel Aarão Reis

O Rio rebelde

Autor(es): Daniel Aarão Reis
O Globo - 18/09/2012
 
Sobre a educação, o diagnóstico é preciso: "As escolas públicas estão sem alma." Educação séria, em qualquer lugar do mundo, requer horário integral e professores bem pagos, excluída a famigerada "terceirização", que destrói os vínculos entre os funcionários e os serviços. Em cada escola, autonomia pedagógica, observados parâmetros democraticamente construídos.
A saúde pública também deve basear-se em médicos, enfermeiros e auxiliares concursados, estáveis e decentemente remunerados, encerrando-se a experiência das Organizações de Saúde/OS, uma privatização mascarada, baseada na anarquia salarial e na falta de compromisso dos profissionais com os centros de saúde e os hospitais: "Vamos fazer concurso público, até porque o dinheiro que banca as OS é público e muito." Quanto à habitação popular, critérios rigorosos na efetivação das chamadas "remoções": "A política atual é irresponsável." Em questão, uma "concepção de cidade". O que se quer? Entregar a cidade aos negócios ou às pessoas? Dá para combinar os dois? Dá, mas numa "cidade de direitos". Freixo cita exemplos concretos: "Em Londres, por lei, metade das moradias da Vila Olímpica foi destinada à população de baixa renda. A Vila dos Jogos Pan-Americanos na Barra foi toda jogada para o mercado imobiliário."
Na área dos transportes públicos, "enfrentar o poder das empresas de ônibus, reunidas na Federação dos Transportes (FETRANSPOR)." Os consórcios funcionam como um cartel, impondo tarifas escorchantes, recusando-se a aceitar o bilhete único, praticado, há anos, nas grandes capitais do mundo. Em jogo, o "modelo rodoviário". O atual tem custo alto, polui e inferniza a vida das pessoas. Por que não viabilizar o transporte sobre trilhos? As vans assumiriam uma vocação "complementar", organizando-se licitações individuais, para neutralizar o poder das milícias.
Finalmente, em relação à segurança, é falso dizer que se trata de matéria exclusiva do estado. As milícias fundamentam seu poder em atividades econômicas que se efetuam em territórios determinados. Ora, tais atividades e territórios são - ou deveriam ser - regulados pela autoridade municipal. Haveria um largo campo a ser aí explorado, sempre em parceria com os governos estadual e federal, sem nenhuma conciliação com as milícias.
Selecionei cinco questões essenciais. É clara, em todas elas, a vontade de mudança, respeitando-se os valores democráticos. A marca rebelde contra o marasmo, um sistema exaurido que se repete e se rotiniza à custa das grandes maiorias.
Mas os sinais de rebeldia aparecem principalmente na mobilização e no incentivo à auto-organização das gentes. A recuperação da militância gratuita e espontânea, motivada por valores - políticos e éticos. Cada reunião é um comício. Cada comício surpreende pela afluência das pessoas. Renasce o melhor da tradição democrática brasileira, viva e promissora, em especial na primeira metade dos anos 1980, com destaque para a participação de artistas, meio sumidos nos últimos anos dos embates políticos. Pois eles estão de volta, generosos e solidários. Não seria esta uma indicação de tendências profundas? A sintonia fina entre artista e sociedade?
O exercício de cidadania não vai morrer após a campanha eleitoral. O candidato propõe - "eixo central da sua política" - a construção de Conselhos de Políticas Públicas e a reanimação das associações de bairros, destinados, em conjunto com os vereadores, a formular e a controlar a aplicação das políticas e das leis, viabilizando uma "outra concepção de governo", distinta do atual troca-troca de favores por votos, onde quase sempre se encobrem interesses escusos. O Rio tem tradição rebelde.
Em 1968, houve aqui o movimento estudantil mais atuante, e as maiores passeatas contra a ditadura. Na segunda metade dos anos 1970, a luta pela anistia - ampla, geral e irrestrita. Nas primeiras eleições livres para governadores, em 1982, a vitória de Leonel Brizola - "Brizola na cabeça" - representou desafio à ordem vigente. Ao longo da campanha das Diretas-já, o povo nas ruas contribuiu para consolidar o processo de transição democrática. Na sequência, Fernando Gabeira quase foi eleito prefeito da cidade contra ampla coligação de interesses conservadores. Em 1989, nas primeiras eleições diretas para presidente, outros comícios - imensos - por Lula e Brizola. A partir dos anos 1990, porém, no quadro da "administração das coisas", as eleições perderam encanto, cada vez mais dominadas pelo dinheiro e pelo marketeiros.
Não terá chegado a hora de mais uma virada? Retomando tradições críticas que existem no tempo longo, enraizadas na cidade?
É verdade que outra candidatura fala de si mesma como "um rio". Pode ser um rio qualquer. Mas o Rio rebelde, nas eleições de outubro, além de um programa, tem nome e sobrenome: Marcelo Freixo.

Comício com Marcelo Freixo

Comício nesta sexta, às 19h, na Lapa

Movimento Petista com Freixo como parte de partes e somatório destas partes...

Foto: Leia o emocionante artigo de Daniel Aarão Reis no jornal O Globo de hoje. 

O Rio rebelde: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/9/18/o-rio-rebelde

Nos vemos no comício nesta sexta, às 19h, na Lapa. Vai ter segundo turno!

#assessoria

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Manter viva a causa do PT: para além do “mensalão” - Leonardo Boff


Manter viva a causa do PT: para além do “mensalão”

Sabidamente, temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo. Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
Data: 17/09/2012
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do “mensalão”. Você bate nos acusados mas tem a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão, mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas através de sua condenação, atingir de morte o PT.

De saída quero dizer que nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa pois a Igreja da Libertação colaborou na sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço com dor que quadros importantes da direção do partido se deixaram morder pela mosca azul do poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Muitos sentimo-nos traídos, pois depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções inerentes ao poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder na medida em que este poder reforçaria o poder do povo que assim se faria participativo e democrático.

Lamentavelmente houve a queda. Mas ela nunca é fatal. Quem cai, sempre pode se levantar. Com a queda não caiu a causa que o PT representa: daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Eles estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.

Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Há muitas razões. Ressalto apenas duas decisivas.

A primeira tem a ver com uma questão de classe social. Sabidamente temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo, como soia repetir Darcy Ribeiro. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Elas nunca se reconciliaram com o povo.

Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma no Brasil 1965,14) elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”. Ora, o PT e Lula vem desta periferia.

Chegaram democraticamente ao centro do poder. Essas elites tolerariam Lula no Planalto, apenas como serviçal, mas jamais como Presidente. Não conseguem digerir este dado inapagável. Lula Presidente representa uma virada de magnitude histórica. Essas elites perderam. E nada aprenderam.

Seu tempo passou. Continuam conspirando, especialmente, através de uma mídia e de seus analistas, amargurados por sucessivas derrotas como se nota nestes dias, a propósito de uma entrevista montada de Veja contra Lula. Estes grupos se propõem apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.

A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não quererem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Saudosistas, preferem se alinhar de forma agregada e subalterna, como servos, ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os USA e seus aliados, hoje todos em crise de degeneração.
Difamaram a coragem de um Presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico.

Querem um Brasil menor do que eles para terem vantagens.

Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a Terra da Boa Esperança, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados de causa. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, atendendo aos milhões de brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável e assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência.

Essa utopia mínima é factível. O PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores superados porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.

domingo, 9 de setembro de 2012

Texto que está circulando nas redes:



Qual a capital do país que apresenta maiores contrastes entre:
 
1. Qualidade e investimento público no ensino superior e pior ensino básico?
 
2. Qual cidade do Brasil está marcada pela absoluta falta de prioridade em saneamento ambiental apesar de ser um dos mais belos recantos do planeta?
 
3. Qual o lugar que está despreparado para os efeitos de grandes chuvas?
 
4. Qual o lugar onde as obras para as periferias são interrompidas, adiadas e maquidadas apesar da sua anunciada importância?
 
5. Qual o lugar onde a importância dos investimentos públicos imediatos está tão marcada pelo efeito de encarecimento da vida, pela concentração da riqueza e pelo controle das grandes obras por um número tão pequeno de empresas?
 
6. Qual a grande metrópole que se expande sem qualificar e ampliar o sistema de transporte sobre trilho?
 
7. Qual seria o resultado de uma comparação internacional sobre os custos das tarifas do transporte coletivo rodoviário nessa cidade?
 
8. Qual a cidade do mundo em que depois de gastar tanto em certos equipamentos, depois de negociar tanto o espaço para negócios, deixa indefinidos e sucateia tantos equipamentos?
 
9. Qual cidade precisa mais de um governo que garanta um choque nos mecanismos de planejamento e controle para poder melhor usar todas as oportunidades dos megaeventos?
 
10. Qual a cidade em que atuam forças tão apressadas em decretar que o primeiro turno já acabou?
 
11. Qual a cidade onde a eleição é verdadeiramente nacional pela sua importância política e urbanística e onde a inclusão social, as políticas educacionais, a cultura e o conhecimento deveriam estar no centro da construção de um modelo de bem estar, saúde, justiça, participação e dignidade, mas cujo horizonte de indicadores atuais deve projetar enormes desigualdades e pouco acesso para o que é essencial, como a educação e o saneamento?  

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Um poema eleitoral, um simples olhar!!!


Petistas com Freixo

                                                                                                     Ago2012
Queremos um Rio para todos
                                               com todo respeito
                                               com toda bossa
                                               com toda bola
                                               com todo samba
                                               com todo verde
                                               com todo direito
                                               e que direito
Queremos um Rio para todas as crianças
                                                                 com todas as creches
                                                                 com todas as escolas
                                                                 com todas as quadras
                                                                 com todos os postos
                                                                 com todos os ônibus
                                                                 em tempo integral
Queremos um Rio com mobilidade
                                                        com qualidade
                                                        no trilho e na trilha
                                                        na roda e sem rolo
                                                        com bilhete único
                                                        no sol e na chuva
Queremos um Rio para todos os idosos
                                                               com todo respeito
                                                               com todo direito
Queremos um Rio livre de preconceitos
                                                                com todo o respeito
                                                                com todo o direito
Queremos um Rio seguro
                                           sem as apólices das milícias
                                           sem o caixinha dos tráficos
                                           com uma guarda cidadã
Queremos um Rio todo saneado
                                                    totalmente tratado
                                                    simplesmente preservado
                                                    com coleta seletiva
                                                    no lixo
                                                                e no voto
Somos petistas com Freixo
Continuamos petistas
Construindo coletivos democráticos
Acreditando em uma cidade
                                               dos cariocas
                                               para os cariocas
                                               de braços abertos

Um inesquecível pilotis PUC RJ 2012


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Freixo detalha propostas para educação e Carnaval em encontro com 600 educadores



Durante um encontro com 600 educadores na tarde deste sábado, na Lapa, o candidato a prefeito Marcelo Freixo (PSOL) reafirmou seu compromisso com a educação pública de qualidade, a valorização dos professores e funcionários da rede municipal, e ressaltou a importância de construir um plano para o setor. Ao lembrar que não é possível discutir a educação sem relacionar à produção cultural, o candidato detalhou suas propostas para que o Carnaval não deixe de ser uma manifestação cultural do Rio. Em tom de desagravo, a atividade terminou em ritmo de samba, com os participantes cantando o refrão de “O que é, o que é?”, de Gonzaguinha: “Viver! E não ter a vergonha de ser feliz...”.

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Encontro de "Educadores com Freixo" lota o auditório da ACM (foto: Adriana Lorete)
Durante o encontro, o candidato, que é professor de história, recebeu um documento intitulado “Educadores com Freixo”, contendo reivindicações para a sua gestão. Além do plano de cargos e salários unificado, ele se comprometeu a elaborar um plano municipal de educação que não seja pensado apenas para a escola, mas como forma de transformar a cidade. Freixo também expôs propostas para rever terceirizações, sanar o déficit de professores e aumentar os salários iniciais do magistério – hoje de aproximadamente R$ 1.100 – evitando a dupla regência.
Sobre o Carnaval, ressaltou que, antes mesmo da campanha eleitoral, já tinha se posicionado do lado de quem defende a cultura popular, ao assinar, em junho, o manifesto “Nossa Avenida vai além do carnaval”. O movimento conta com artistas, pesquisadores, compositores e intelectuais. Entre eles, o cenógrafo e carnavalesco Fernando Pamplona, considerado o pai do carnaval contemporâneo, ao instituir as temáticas africanas nas escolas de samba nos anos de 1960. O documento já previa a criação de uma Subsecretaria Especial voltada exclusivamente à folia e a subvenção condicionada à relevância cultural dos enredos – propostas incorporadas ao programa de governo do PSOL.
Neste sábado, o candidato voltou a dizer que a Prefeitura não irá interferir na escolha do enredo das agremiações, mas passará a ter critérios para distribuir os subsídios:
“Cada escola de samba escolhe o seu tema. Se a escolha é pelo marketing, por uma marca, pelo viés econômico sem compromisso cultural, que banque isso sozinha. Qualquer artista de qualquer área, para receber dinheiro público, tem que prestar contas e ter contrapartida cultural. Por que num determinado segmento não se faz a mesma coisa? Temos que saber se o dinheiro realmente foi para a cultura ou se não foi”, afirmou.
Freixo defendeu que o Carnaval seja de responsabilidade da Secretaria de Cultura, e não da Riotur, porque a festa não tem que ser pensada só para o turista. O candidato também expôs a proposta de que a Secretaria escolha os jurados do desfile das escolas de samba. “Se as escolas de samba querem que a sua representação seja a Liesa, isso cabe a elas. Não cabe ao poder público ter a Liesa como representante, isso não”, acrescentou.
O candidato também questionou a falta de controle sobre a venda de ingressos para o desfile, hoje feita apenas em dinheiro vivo. E rebateu as reações às suas propostas: “nós estamos do lado certo”.
A plenária, realizada na sede da ACM, terminou em ritmo de samba, com os versos de Gonzaguinha puxados pelo deputado federal Chico Alencar (PSOL), que participava da mesa. O dia do candidato começou ao meio-dia, com a participação no Ato S.O.S. Autódromo, contra a demolição do Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Jacarepaguá (Zona Oeste).